No Terreiro
No terreiro estava, na porteira fiquei a conversar com este Exú seu Sete Porteiras.
Bom, deixa eu me apresentar. Chamo Antônio. E um belo dia de Domingo, haveria uma obrigação ao Orixá Ogun.
Fui convidado como tantos outros, só que não sabia da minha morte, não sabia que estava morto.
Recordo de pessoas desconhecidas. Todos de branco me chamavam para segui-los.
Não tinha nada a fazer, pensei - É uma caminhada e logo retorno para casa.
Chegando no local. Notei alguns homens altos na porta e com tanta gente adentro ao grupo de pessoas, nos organizando para que entrássemos pela porteira daquela Casa Sagrada.
Só que notei um senhor forte e alto, que olhava com seus olhos azulados a penetra na minha alma. Eu balancei a cabeça. Não queria olha-lo, mas, sua voz ecoou nos meus ouvidos.
- Antônio, venha aqui.
Assustei-me e tentei sair do local. Meus pés se perderam no chão, o desespero tomou conta e, novamente chamou.
- Antônio, veja em seus olhos a verdade.
Como não poderia sair, respirei fundo, tremendo todo, decidi olhar para ele. Logo o mundo ao meu redor se afastou, fiquei num lugar alto somente eu e ele. Perguntei:
- O que queres de mim.
- Você foi um bom homem, ajudou a muitos na terra, cabe a mim dizer que sua vida seguirá um caminho novo.
- Como assim novo. Devolve já para minha família, ser do mal.
- Não posso. Você cumpriu seus anos de vida, precisa retornar para sua nova morada.
- Preciso avisar a polícia. Você me sequestrou, não tenho dinheiro aqui, mas minha família pagará. Diga o seu preço por favor.
- Não a preço para uma vida de boa conduta. Criou sua família, ajudou seus familiares e seus vizinhos. Todos te amam, agora deve seguir por essa porteira.
- Não posso. Diga-me, o que fiz para você. Por quê me prende?
- Você, nada fez. Apenas faleceu em sua casa e nela não voltará.
Antônio olhou para o alto, para embaixo e não via nada, pensava em despertar do sonho e enxergar outra realidade, nada mudaria o local onde estaria.
Resolveu não gritar, não chorar e resolveu pedir para voltar ao templo e poder ver as pessoas a sua volta.
O Exú das Sete Porteiras retornou ao local e tantos agora estavam, que Antônio olhava a todos e pode notar que muitos já entendiam do seu verdadeiro estado, e logo a oferenda foi realizada.
Surgia as luzes, os guias daquele recinto. Todos a volta da oferenda, mais uma vez Exú chamou:
- Então Antônio, entende agora.
- Sim senhor. Posso entrar e seguir o meu caminho.
- Sim.
- Posso perguntar algo senhor.
- Claro.
- Qual o seu nome?
- Exú Sete Porteiras e digo, o caminho trilhado na terra, passará por uma das Sete Porteiras e será conduzido ao seu local de merecimento.
- Bom. Já faz tempo que morri.
- Hum, bom tempo. Mas você não percebeu em sua casa. Muitas vezes vazia estava e para ti tudo era normal. Até que um dia sua filha orou com fervor e a luz o deslocou para fora e os irmãos socorristas o encontraram. Agora deve seguir para sua nova morada.
Olhou nos olhos do Exú, e começou a ver seus familiares e todos já o aguardavam.
Sete Porteiras fala:
Somos trabalhadores a conduzir nossa raça para seus locais de merecimento, tanto para luz, como para o purgatório e não tema se nos encontrarmos do outro lado, pois a ti que lê, me conhecerá e eu o conhecerei e guiarei para sua morada no plano espiritual e no plano material.
Médium Joubert Zampieri